sábado, 1 de outubro de 2011

UM RETRATO DO MUNDO QUE ASSISTO


Um retrato do mundo que assisto

Será que eu ando mesmo tendo devaneios ou mundo tem ficado mais vazio a cada dia? Vejo tanta coisa sem sentido acontecendo...

Eu não enxergo mais a gentileza a vazar pelos poros, o carinho a derramar pelos olhos e o amor a conduzir destinos.

Vejo sim, pessoas desistindo de si mesmas e outras se matando aos poucos por uma viagem ou por não entenderem quem são e aonde querem chegar. Vejo outras que não querem chegar a lugar algum e aquelas que querem ir a todos os lugares sem fazer um esforço sequer. E se não conseguem, culpam os outros por suas derrotas e não assumem seus erros, suas falhas. Vejo aqueles que dividem suas responsabilidades ou as passam para frente como se os outros fossem obrigados a assumi-las.

Vejo as coisas ficando mais fáceis de se alcançar e por isso deixando de ter valor! Eu vejo que o conhecimento, a sabedoria, o aprendizado e até mesmo os ensinamentos estão virando enfeites fúteis e sem reconhecimento. Vejo a troca de valores onde o que sabe é ridicularizado e o charmoso é quem fala errado e age como idiota.

Aliás, vejo uma infância atropelada e relações familiares inexplicáveis, incompreendidas ou chamadas de inexplicáveis.

Vejo as crianças crescerem confusas pelo número incontável de tecnologias, informações e nenhuma preparação para entender como elas podem ser usadas a favor da vida. Uma adulticidade forçada e uma propaganda enganosa de que é preciso compreender o que ainda não chegou a hora de ser compreendido, de aproveitar o que ainda nem foi ganho, de ceder o que ainda nem se sabe usar. Eu vejo adolescentes explorando seu corpo como se ele fosse moeda de troca ou cartão de apresentação ou a única coisa interessante sobre eles a mostrar. E por isso os vejo se entregando a quem estão conhecendo como se fosse possível resgatar seu corpo intacto, sua alma limpa e sua dignidade inalterada depois que já não o quiserem mais. Vejo esses mesmos adolescentes aprendendo que existem amigos que embriagam e divertem muito mais do que as pessoas que estão ao seu lado. Vejo fumaças que preenche o vazio da solidão das almas juvenis.

Eu vejo uma inocência corrompida e uma juventude perdida a troco de absolutamente nada! Vejo falta de limites, permissividade e apatia ao extremo em todos os lugares. Vejo falta de perspectiva, nenhum desejo, vejo a morte lenta dos sonhos...

E eu daqui, da pequenez de um ser sedento pela vida, por aprender e ensinar, por dividir ou multiplicar, assisto a tudo isso sem poder compreender como as pessoas podem acreditar que tudo isso HOJE é moderno e é normal.

Profª. Nélida Delamoriae

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